Indicador traz o resultado mais baixo (9,46%) em três anos e aponta melhora na originação de recebíveis
A indústria de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) não cansa de surpreender os mercados financeiro e de capitais no Brasil. A análise sobre o percentual de direitos creditórios vencidos em relação à carteira de crédito apresentou o menor indicador nos últimos três anos. A inadimplência retrocedeu para 9,46%, resultado com percentual mais baixo desde março de 2022, quando o índice atingiu 9,08%.
Os resultados registrados este ano são ainda mais expressivos, porque denotam um aumento da base de direitos creditórios e aumento de qualidade na originação dos recebíveis, potencializada pela queda dos direitos creditórios vencidos no curto prazo, com volume que passou de R$ 6,5 bilhões para R$ 6,2 bilhões. Embora o resultado de março de 2022 seja um pouco menor, é preciso considerar que a carteira que baseou esse resultado era bem inferior à consolidada agora.
O levantamento faz parte da composição do Índice Multiplike de Devedores (IMD), indicador mensal desenvolvido pela Multiplike para apresentar uma visão geral do comportamento da indústria de FIDCs, com base em dados divulgados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O IMD foi criado em 2023 com foco nos FIDCs multicedente/multissacado (FIDCs MM), que têm duplicadas em suas carteiras, portanto, lidando com prazos mais curtos.
Resultados mais otimistas entre direitos creditórios vencidos até 30 dias
Os resultados do IMD mostram diminuição nos direitos creditórios vencidos em menor prazo. Na categoria de vencidos até 30 dias, foi comprovada a maior redução, entre junho (42,85%) e julho (38,73%). O IMD é composto por análises de seis faixas de vencimentos, em três delas foi verificada queda em julho, quando o patrimônio líquido (PL) dos FIDCs MM atingiu R$ 69,7 bilhões, de acordo com o levantamento da Multiplike, que incluiu 359 FIDCs. Nas outras duas faixas em que houve redução, a soma do percentual do total de vencidos chega a 15,51%.
Embora o índice geral tenha apresentado queda significativa, houve faixas em que a inadimplência apresentou leve alta entre junho e julho deste ano. Foi o caso dos vencidos entre 181 e 360 dias, em que o índice passou de 13,72% para 15,71%. Também foi comprovado aumento na faixa de vencidos entre 91 e 180 dias, passando de 13,60% em junho para 15,16% em julho. Entre os vencidos acima de 360 dias, a variação foi menor, com 14,89% registrado em julho, e 13,43% apresentado em junho.
Com análises que compreendem períodos desde janeiro de 2022, o Índice Multiplike de Devedores (IMD) acompanha a taxa de inadimplência das carteiras de direitos creditórios dos FIDCs multicedente e multissacado. De acordo com os dados da Multiplike, o IMD traça um panorama do comportamento das operações de crédito e inadimplência das empresas. Mensalmente, o IMD traz análises compreendendo a inadimplência em FIDCs. A amostra da edição anterior incluiu 350 FIDCs da categoria fomento mercantil multicedente/ multissacado.
Cabe ressaltar que, nessa categoria de FIDCs, observa-se alta rotatividade da carteira, porque os vencimentos ocorrem com maior frequência quando comparados aos que compõem outros tipos de FIDCs, como ocorre em carteiras de financiamento de veículos. Por isso a análise da inadimplência dos FIDCs MM apresenta um termômetro fidedigno desses fundos.
A percepção do mercado é que os FIDCs continuem apresentando recuperação gradual do crédito, sobretudo em um cenário com expectativas de queda no ciclo de alta da Selic a partir de janeiro de 2026.
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