O segundo dia do evento FEBRABAN TECH 2025 foi movimentado não somente no volume de visitantes, que lotaram os corredores e estandes. O clima agitado também pautou as principais discussões da trilha de palestras, que abriram espaço para análises sobre a evolução dos meios de pagamento com a digitalização, o cenário atual do Open Finance, o fortalecimento da agenda do Pix, e o amadurecimento do mercado de finanças embarcadas.
Sobre o Banking as a Service (BaaS), o consenso é geral entre os especialistas: o mercado cresceu, ganhou relevância, chamou a atenção dos órgãos reguladores e caminha para se tornar cada vez mais seguro e competitivo, impulsionado pela publicação das regras para o modelo realizada pelo Banco Central. A presença da IA na solução também ganha força.
Para Marcos Cavagnoli, diretor de Produtos de Negócios Digitais do Bradesco, a jornada de fintechzação de uma empresa demora pelo menos três anos para render frutos. “Não adianta inserir serviços financeiros se a empresa não tiver uma contextualidade intrínseca do cliente”.
Segundo ele, o BaaS se tornou uma vertical estratégica para o banco. Ele citou o exemplo da CPFL, que passou a oferecer crédito para seus consumidores. “Com isso, a empresa ajudou seus clientes a não atrasar as contas e ficarem sem energia. O fato de o ecossistema oferecer benefícios para melhorar a experiência do usuário é muito real”.
Tendências de pagamentos B2B
Quando o assunto são os meios de pagamento no mundo das empresas, as dores se diferem dependendo do tamanho delas. No entanto, uma coisa é comum: a barreira cultural que existe para a adoção do cartão de crédito para pagamento de contas, com a predominância dos boletos para essa finalidade.
De acordo com Renata Daltro, vice-presidente executiva comercial da Cielo, isso está mudando aos poucos. “Eu acredito no aporte de valor que o cartão de crédito traz para a jornada de pagamento de uma organização. Ele não compete com o boleto ou com o Pix, pois ele cura dores da organização que os outros meios de pagamento não conseguem solucionar”.
Allan Capura, superintendente sênior do Bradesco, ressalta que é preciso trabalhar a mentalidade dos CFOs de que o cartão de crédito não é algo que pode ser utilizado somente pelos funcionários. “Ele pode ser um ‘working capital’ importante para a empresa, entregando benefícios que podem ajudar a fortalecer o caixa”. Ele cita o exemplo ligado à indústria automobilística. “Por meio do cartão de crédito, as montadoras financiam a compra de estoque para concessionárias de médio porte. Hoje temos parcerias com várias delas nesse sentido”.
Os especialistas destacaram que essa jornada está apenas no início. “Vamos assistir uma indústria que vai se tornar cada vez mais madura e integrada em sua jornada, sem fricção”, pontuou Allan Capura.
Pix: mais que um sucesso no presente, uma grande promessa do futuro
Durante o segundo dia do FEBRABAN TECH 2025, o sucesso do Pix foi um dos assuntos mais celebrados pelos participantes do ecossistema financeiro do país. Não é à toa: no ano passado foram realizadas 63,8 bilhões de transações nessa modalidade, um aumento de 52% ante 2023, com um total transacionado na casa dos R$ 26,4 trilhões.
Desde sua criação, em outubro de 2020, essa modalidade de pagamento está dando novos passos pautada pela inovação, com a criação de outros produtos, como Pix Automático – que entra em vigor na próxima segunda-feira, Pix Parcelado, Pix Recorrente, entre outros que ainda devem ganhar terreno no mercado em um futuro próximo.
De acordo com Cesar Boralli, associate managing director da PCMI, o Pix é um grande sucesso no mundo por ser um exemplo bem-sucedido da colaboração entre regulação e iniciativa privada. “O impacto do Pix é muito maior do que o produto em si. Ele proporcionou um forte movimento de digitalização da população no ambiente financeiro”, complementa.
No cenário das empresas, Adriano Milani, líder de Treasury and Trade Solutions do Citi Brasil, ressalta que esse meio de pagamento permitiu às médias empresas obterem maior liquidez imediata e fazer menos uso do capital de giro, reduzindo seus custos e mantendo um caixa mais eficiente. “Além disso, tornou a reconciliação de informações mais simples e automática”, enfatiza.
Breno Lobo, chefe-adjunto do Departamento de Competição e Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, aponta que um dos principais desafios do Pix está relacionado à segurança. “Esse sempre foi um pilar importante em nosso projeto do Pix. Com o aumento da adesão por essa modalidade de pagamento, na mesma proporção surgem novos tipos de fraudes. Temos um grupo no BC voltado para trabalhar esse tema”.
Uma das inovações que deve entrar em operação nesse sentido é o MED 2.0 (Mecanismo Especial de Devolução), que permite a restituição de valores em casos de fraudes ou golpes no Pix, além de facilitar a comunicação entre instituições financeiras. A implementação dessa funcionalidade deve ocorrer no primeiro trimestre de 2026.
O Pix Recorrente é uma das grandes promessas de sucesso do Pix. “Existem trilhões de reais que trafegam por outros meios de pagamento. Com o Pix Recorrente, uma parte desse montante pode ir para o Pix”, destaca Boralli.
Open Finance: muito ainda está por vir
Com um Banco Central adepto a uma forte agenda de inovação, o Brasil ganhou relevância lá fora não somente com o Pix, cujo modelo está sendo copiado em alguns países, mas também com o Open Finance, hoje o mais avançado do mundo, ultrapassando grandes ecossistemas como o do Reino Unido, que começou sua implementação bem antes do que o mercado brasileiro.
Ana Carla Abrão, CEO do Open Finance Brasil, avalia que muita coisa já foi feita para o avanço do ecossistema no país, que se tornou robusto em número de usuários, chamadas e escopo de dados. “Temos muito a comemorar. Com o setor financeiro abraçando essa inovação, o Open Finance saiu de uma agenda regulatória para uma agenda de negócios. O grande desafio agora é acabar com o desperdício de não usar o Open Finance – ainda não está sendo utilizado em todo o seu potencial. Há algumas instituições que não incorporaram essa nova realidade. Ele deixou de ser um elemento de competição e se tornou uma nova forma de se relacionar com o consumidor, com a oferta de produtos e serviços de acordo com as necessidades do cliente. Hoje é ele quem dita as regras”.
Ricardo Gelbaum, conselheiro do Banco Daycoval e da ABBC (Associação Brasileira de Bancos), diz que ainda não há um consenso de que o Open Finance poderá trazer valor e receita, dependendo do modelo de negócios da instituição, e não somente despesa. “Temos que conversar com a sociedade, mostrar que o Open Finance é seguro. Apesar de termos o maior ecossistema do planeta, há uma parcela da população que está super endividada e que não percebeu o poder que o Open Finance terá de fazer um cross de produto num piscar de olhos, principalmente quando as condições macroeconômicas melhorarem e ela poderá trocar sua dívida por outra mais barata”.
Para o futuro do Open Finance, Ana Carla diz que o principal desafio, além de aumentar os consentimentos, é garantir que o ecossistema funcione corretamente e permita a continuidade da trilha de inovação que ele está proporcionando para o setor financeiro, com o lançamento de novos produtos e serviços.
Celcoin no FEBRABAN TECH 2025
Referência em infraestrutura de tecnologia financeira, a Celcoin marca presença no FEBRABAN TECH 2025 apresentando suas principais novidades para o mercado regulado, como os produtos Core Banking e Core Credit, além de soluções como Pix Indireto, Open Finance regulado e Gestão de Ativos e Cobrança.
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