Na semana passada, a Organização Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL), responsável por interligar corpos policiais de todo o mundo, anunciou a criação de uma versão virtual de sua sede em um metaverso. A iniciativa, divulgada na 90ª Assembleia Geral da organização, partiu de uma motivação curiosa: a “polícia virtual” deve operar combatendo os crimes digitais do metaverso.
Agora que esse universo virtual ganhou sua primeira grande força policial, seus potenciais impactos no futuro do “mundo real” têm sido cada vez mais debatidos. Os metaversos são, resumidamente, mundos digitais construídos para replicar a realidade. Neles, os usuários interagem por meio de equipamentos imersivos, como óculos e sensores de movimento.
A expectativa é que, nos próximos anos, a influência dos metaversos no mercado seja até mesmo capaz de mover uma nova era da economia. Segundo um relatório do banco novaiorquino JPMorgan, considerado o maior do mundo, o metaverso pode contar com um mercado total endereçável de até US$ 4 trilhões somente na China.
A estimativa veio alguns meses após a entrada do JPMorgan no metaverso Decentraland, o que fez dele o primeiro banco a ter uma unidade em um universo digital. Com capacidade de triplicar a amplitude do mercado de games, os metaversos também devem movimentar notavelmente outras áreas, como o comércio eletrônico, a publicidade e os serviços bancários e financeiros.
De acordo com o banco, a tendência é que os mundos virtuais abram oportunidades de negócios sem precedentes para empresas de todos os ramos. Atualmente, o valor anual gasto em bens digitais já bate cerca de US$ 54 bilhões, o que tem feito megacorporações como a Nike e o Walmart mergulharem cada vez mais no mundo digitalizado. Além dessas, Adidas, Verizon e Warner Music Group também já abriram unidades no metaverso, com expectativas de que números como os do relatório recente da Gartner se confirmem. A estimativa afirmou que, até 2026, os metaversos devem fazer parte do cotidiano de pelo menos 25% da população mundial.
É claro que as expectativas também incluem transformações grandiosas no mercado financeiro. Com a possibilidade de investir em criptomoedas e de estimular a captação de clientes por meio de uma experiência do usuário diferenciada, as instituições financeiras, como bancos e fintechs, têm começado a embarcar nas possibilidades de construção de ativos no metaverso.
No Brasil, esse movimento ficou evidente nas ações de grandes instituições, como o Itaú. O banco conduziu uma campanha chamada #2022EmUmaPalavra, que teve peças publicitárias espalhadas em um servidor da Outplay. Além dele, o Banco do Brasil também tem investido nas novidades: ele propiciou experiências de realidade aumentada aos clientes em uma ação que uniu educação financeira à possibilidade de realizar operações bancárias virtuais.
Tudo isso se soma ao potencial do mercado imobiliário virtual e das oportunidades de realizar aplicações financeiras usando NFTs. O cenário parece indicar que pequenos e grandes players do mundo financeiro devem explorar cada vez mais os universos virtuais, o que dará origem a novas possibilidades de fornecimento de serviços financeiros e pode até mesmo mudar a relação dos usuários com o dinheiro.