Por Luis Moraes, Head de Banking da Celcoin
Você sabia que, a cada cinco anos, as empresas destinam mais recursos financeiros para manutenção de sistemas legados do que investem na aquisição inicial do software? Essa métrica operacional expõe o verdadeiro impacto financeiro da estratégia “não se mexe em time que está ganhando”. A persistência em metodologias tradicionais já não oferece retorno sobre o investimento adequado para instituições financeiras e corporações de outros setores.
Essa mentalidade representa uma abordagem operacional arriscada no atual ambiente de negócios, cada vez mais competitivo, que lida com mudanças que ocorrem a todo momento. Embora seja possível manter sistemas legados executando funções básicas, essa postura pode comprometer a competitividade e viabilidade empresarial no médio e longo prazo.
A aceleração das mudanças tecnológicas está reconfigurando o panorama de competitividade das empresas. Organizações líderes se diferem pela capacidade de inovar, antecipar transformações setoriais e implementar adaptações estratégicas com rapidez.
Dominar as inovações é um fator que desafia a capacidade de se reposicionar estrategicamente, exigindo conhecimento especializado e aplicação de metodologias inovadoras. Segundo uma pesquisa feita pela TNS Research, organizações que investem em tecnologia crescem 60% mais.
Michael Porter, um dos mais renomados estrategistas norte-americanos, disse que “de todas as coisas que podem modificar as regras da concorrência, a transformação tecnológica é a mais importante”, algo verdadeiro nos dias atuais.
A estagnação tecnológica gera vários impactos negativos na competitividade, como:
- Queda na produtividade
- Vulnerabilidade operacional
- Incapacidade de resposta às exigências de mercado
- Oportunidades de negócio perdidas
- Impacto negativo na tomada de decisão pela incapacidade de acessar dados
IA impulsiona mudanças aceleradas
A chegada da Inteligência Artificial intensificou significativamente os desafios das empresas. Essa ferramenta está impulsionando a inovação e eficiência operacional em todos os setores econômicos, incluindo o financeiro.
Em particular, a IA Generativa está estimulando a automação de processos, acelerando ciclos de desenvolvimento, aprimorando a qualidade de códigos e reduzindo custos operacionais. Empresas que mantêm sistemas legados incompatíveis perdem vantagem competitiva em velocidade e precisão.
A integração de IA em sistemas modernos não apenas eleva a eficiência operacional, mas também gera novas oportunidades de receita, possibilitando que as organizações inovem e se adaptem rapidamente às mudanças do mercado. Por outro lado, sistemas legados não conseguem incorporar essas tecnologias emergentes de forma efetiva.
O custo “invisível” de se manter um sistema legado
Os custos reais de manutenção de sistemas legados excedem significativamente as projeções iniciais. Conforme a infraestrutura tecnológica envelhece, surgem despesas operacionais ocultas que acabam comprometendo a eficiência financeira e operacional das empresas.
Segundo dados de um relatório da Dell, as organizações alocam entre 60% e 80% do seu orçamento de TI para a manutenção de sistemas legados, deixando apenas o restante para serem aplicados em inovação e outros desenvolvimentos. Após um período inicial de cinco anos, esses gastos sobem entre 10% e 20%, podendo atingir valores 5 a 10 vezes superiores após 10 ou 15 anos de operação – conforme o sistema envelhece, a complexidade das intervenções técnicas aumenta, elevando despesas e desviando capital.
O impacto na eficiência operacional é quantificável e severo. Sistemas legados apresentam uma degradação progressiva de performance, consumindo recursos computacionais crescentes e registrando falhas com maior frequência, o que resulta em uma ineficiência sistêmica e redução da produtividade organizacional. As consequências disso envolvem processos manuais excessivos, equipes sobrecarregadas, erros operacionais, retrabalho e frustração dos colaboradores – que passam a aprender e produzir menos, ficam insatisfeitos e não pensam duas vezes em aceitar outra oportunidade profissional.
Uma pesquisa da McKinsey identificou que empresas dependentes de sistemas legados têm 33% menos probabilidade de atingir objetivos de transformação digital. Estudos adicionais indicam que as organizações podem perder até 30% da receita anual devido a falhas operacionais e retrabalho causados pela ineficiência, além de terem sua competitividade setorial comprometida.
Outro ponto que vale destacar são os riscos de segurança. A descontinuidade de atualizações deixam as plataformas mais suscetíveis a ataques cibernéticos, comprometendo não apenas a integridade dos dados, mas a continuidade operacional das organizações, principalmente em um momento no qual as invasões estão cada vez mais sofisticadas e exigem medidas de proteção que acompanhem esse ritmo. De acordo com a PwC, 33% das empresas tiveram prejuízos acima de US$1 milhão com ataques cibernéticos nos últimos três anos.
Arquiteturas legadas também apresentam limitações de interoperabilidade quando confrontadas com infraestruturas tecnológicas mais modernas, gerando gargalos operacionais que comprometem a eficiência dos processos e restringem a inovação. A dificuldade de integração com APIs modernas – que permitem arquiteturas modulares e flexíveis – cria lacunas que impossibilitam a comunicação direta entre as plataformas.
- Sistemas legados: operam sobre protocolos proprietários, linguagens de programação descontinuadas e estruturas de dados com capacidade limitada de comunicação intersistêmica.
- Sistemas modernos: são desenvolvidos com padrões abertos, arquiteturas orientadas a serviços e protocolos de segurança avançados que exigem compatibilidade técnica específica.
A fragmentação de dados é um dos impactos mais críticos dos sistemas legados na gestão de informações empresariais, que acabam gerando entraves como a tomada de decisão baseada em informações incompletas, duplicação desnecessária de recursos, degradação da experiência do cliente e ineficiência operacional. Ela se torna ainda mais crítica no contexto atual, no qual soluções de IA exigem datasets estruturados e consistentes para produzir resultados precisos.
A integração eficiente de dados proporciona visibilidade completa dos processos, facilitando a identificação de gargalos e oportunidades de otimização que permanecem invisíveis em ambientes fragmentados.
Quais são os benefícios reais da modernização dos sistemas legados?
A modernização da infraestrutura tecnológica estabelece novos padrões operacionais que redefinem as capacidades empresariais importantes para alcançar um posicionamento competitivo no mercado. Mas quais são, de fato, os benefícios que as organizações obtêm com a modernização de seus sistemas legados?
- Aumento da agilidade e escalabilidade, possibilitando a expansão de capacidades e gestão do crescimento da demanda sem elevar os custos e mantendo a qualidade de serviço. Nesse sentido, a automação de processos é um fator central para modelos de negócios escaláveis, dispensando recursos humanos adicionais e acelerando os ciclos operacionais.
- Melhoria na tomada de decisão com dados integrados, utilizando feedback de clientes, tendências de mercado e métricas financeiras. Sistemas modernizados centralizam informações em repositórios únicos, permitindo a análise de relatórios atualizados e execução de decisões fundamentadas com velocidade superior, graças à geração de insights, diminuição de incertezas e capacidade analítica para grandes volumes de dados.
- Redução de custos em médio e longo prazo. Embora demande um investimento inicial, o processo de modernização resulta em uma queda substancial de custos operacionais ao longo do tempo. E mais: disponibilizam funcionalidades avançadas que ampliam a produtividade dos colaboradores, possibilitando que eles se concentrem em atividades mais estratégicas. A integração entre processos elimina gastos desnecessários com retrabalho, estoque excessivo e falhas operacionais.
Parceiros estratégicos e uma transição segura
A migração segura de sistemas legados exige expertise especializada e metodologias consolidadas. O sucesso da operação depende fundamentalmente de parceiros estratégicos que possuem conhecimento técnico aprofundado para conduzir as organizações por meio das complexidades inerentes à transição tecnológica. Ou seja, são empresas que ajudam as organizações a fazer esse movimento com “o carro andando”.
Alguns pontos importantes precisam ser levados em conta nessa hora, como o planejamento contínuo e a mitigação de riscos. Os parceiros especializados executam avaliações técnicas precisas, identificando áreas de melhoria e possíveis riscos antes de iniciar qualquer mudança. A fase inicial da migração envolve um mapeamento detalhado da configuração da arquitetura, rastreamento do caminho dos programas em execução e descoberta de dependências críticas.
Implementar as mudanças em fases é fundamental para a mitigação de riscos. Ao longo do processo são feitos testes em múltiplos níveis, lançamento gradual das atualizações e monitoramento automático de possíveis anomalias.
A transformação não precisa ser arriscada quando conduzida junto aos parceiros estratégicos especializados. O verdadeiro risco está em não agir: enquanto alguns temem mexer no que funciona, líderes visionários compreendem que apenas quem evolui permanece relevante no mercado atual. Ou seja, mexer em time que está ganhando pode trazer melhores resultados.
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