Do QR Code ao pagamento por aproximação e biometria: o futuro do Pix vai muito além do que conhecemos hoje.
Desde seu lançamento, o Pix transformou a forma como fazemos transferências e pagamentos no Brasil. Com velocidade, disponibilidade 24/7 e custo praticamente zero, o sistema caiu no gosto dos brasileiros. Mas estamos apenas no começo.
O Banco Central, em parceria com o ecossistema financeiro, está preparando novos mecanismos que vão levar o Pix a um novo patamar de automação, integração e conveniência. Este artigo explica de forma didática a evolução do Pix — do que usamos hoje até o que está por vir.
Como iniciamos um Pix hoje
Atualmente, existem quatro formas principais de iniciar um Pix:
- QR Code: o usuário escaneia o código via app, que já traz todos os dados da transação.
- Chave Pix: ao digitar um CPF, e-mail ou número de celular, o app localiza automaticamente a conta de destino.
- Dados manuais: ainda utilizados quando a chave não é conhecida, exigem nome, banco, agência e conta.
- Iniciação via Open Finance (com redirecionamento): ao iniciar um pagamento em uma loja ou app parceiro, o usuário é redirecionado para o ambiente do seu banco para autenticar e confirmar a transação. Essa jornada já está em uso, especialmente em e-commerces integrados a iniciadores de pagamento.
Essas formas são funcionais, mas ainda exigem ação ativa do pagador. A próxima fase do Pix busca justamente reduzir essa fricção, trazendo mais automação e experiências mais naturais de pagamento.
Pix Automático: recorrência com controle
O Pix Automático, previsto para lançamento em 16 de junho de 2025, traz um modelo semelhante ao débito automático, mas com a flexibilidade do Pix.
O usuário poderá autorizar previamente que empresas como escolas, planos de saúde ou serviços de assinatura realizem débitos periódicos em sua conta, de forma programada e transparente. O consentimento é fundamental: o usuário pode cancelar a autorização a qualquer momento.
Esse recurso tem potencial de substituir boletos e débitos automáticos com uma experiência mais simples e menor custo para as empresas.
Open Finance e a evolução da iniciação sem redirecionamento
Hoje, a iniciação de pagamento via Open Finance depende, majoritariamente, do redirecionamento do usuário para o ambiente do banco, onde ocorre a autenticação do Pix.
No entanto, está em curso uma transformação: o projeto de Jornada Sem Redirecionamento (JSR), liderado pelo Banco Central, cria uma nova infraestrutura padronizada que permitirá ao usuário autorizar e concluir o Pix dentro do próprio ambiente da loja, aplicativo ou carteira digital, sem ser redirecionado para o banco.
Essa nova jornada representa um ganho expressivo em fluidez e conversão, especialmente em e-commerces e apps de alta recorrência. Os detentores de conta (bancos, fintechs e IPs) que implementarem suporte à JSR desde o início oferecerão essa vantagem de forma pioneira a seus clientes.
E mais: a JSR não é apenas uma melhoria de experiência — ela é a base técnica que viabiliza uma nova geração de iniciações de Pix, como veremos a seguir.
Novas formas de iniciação: o que a JSR está destravando
Com a padronização trazida pela JSR, o mercado poderá explorar novas interfaces e formas de iniciar um Pix, mais naturais, integradas e invisíveis ao usuário:
- Pix por aproximação (NFC): permite que o pagamento seja iniciado ao encostar o celular em um terminal compatível — sem digitar nada.
- Biometria: o usuário pode autorizar um pagamento com digital, face ou outro dado biométrico diretamente na interface onde está comprando.
- Integração com carteiras digitais e dispositivos embarcados: desde smartwatches até totens de autoatendimento, passando por assistentes virtuais e aplicativos de mobilidade.
Todas essas inovações dependem da estrutura confiável, segura e interoperável criada pelo modelo JSR. Sem ela, essas jornadas fragmentadas seriam muito difíceis de padronizar e escalar.
O Pix evolui, portanto, não só na superfície — mas no próprio motor que o move.
O Pix como infraestrutura de pagamentos
O Pix está deixando de ser apenas uma alternativa ao TED ou boleto. Ele caminha para se consolidar como a principal infraestrutura nacional de pagamentos, integrando o cotidiano de pessoas e empresas de forma quase invisível — mas sempre segura e sob controle do usuário.
Com Pix Automático, Open Finance, jornada sem redirecionamento e novas interfaces de pagamento, o Brasil mais uma vez lidera globalmente a inovação em meios de pagamento.