O crédito consignado está ocupando um papel cada vez mais relevante no sistema financeiro brasileiro. Por oferecer menor risco para o credor – já que o pagamento é vinculado à remuneração ou ao benefício – e disponibilizar taxas mais competitivas, essa modalidade tem ganhado destaque em várias frentes: para aposentados e pensionistas, servidores públicos e, mais recentemente, para trabalhadores da iniciativa privada.
De acordo com dados do Banco Central, o crédito consignado representa 32% de todo o saldo de crédito para pessoas físicas com recursos livres no Sistema Financeiro Nacional (SFN). Sua carteira de crédito, envolvendo todas as categorias, saltou 58% no período entre dezembro de 2020 e março deste ano – de R$ 439 bilhões para R$ 691,3 bilhões no total.
Em termos de representatividade, o consignado público detém a maior fatia do mercado em geral (53%), seguido pelo consignado do INSS (41%) e pelo consignado privado (6%).
Uma das principais atratividades do crédito consignado são os juros mais baixos. Enquanto modalidades como o cartão de crédito e o cheque especial ultrapassam de longe 8% ao mês, as taxas do consignado INSS e do público giram entre 1,8% e 1,9% ao mês. Mesmo o consignado privado, antes do Crédito do Trabalhador, já apresentava juros médios de 3,02% ao mês, bem abaixo das opções tradicionais de crédito pessoal não consignado, que beiram 6% ao mês.
Menores taxas para aposentados e pensionistas
O consignado para aposentados e pensionistas é um crédito controlado pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), que determina pontos importantes para a concessão dos recursos financeiros, como taxa de juros máxima, percentual que pode ser comprometido da renda e limite de parcelas.
Segundo as regras atuais, é possível comprometer até 45% da renda mensal do tomador de crédito, sendo 35% com o empréstimo pessoal, 5% com o cartão de crédito e 5% com o cartão de benefício. As parcelas podem ser pagas em até 96 meses.
Conforme dados do Banco Central, a carteira de crédito consignado ligada ao INSS atualmente contabiliza cerca de R$ 281 bilhões. Dos 41 milhões de beneficiários, 17 milhões têm empréstimos consignados, o que representa 41,4% do total.
Considerado o tipo de consignado com a menor taxa do mercado, a modalidade fechou o ano de 2024 com uma média de 21,9% ao ano. A partir de maio de 2025, o INSS passou a exigir biometria para a contratação de empréstimos, para que os bancos e demais instituições financeiras consultem a margem consignável do tomador, definindo o valor a ser emprestado.
Riscos reduzidos para servidores públicos
Destinado para servidores públicos federais, estaduais e municipais, o consignado público também detém uma fatia relevante do mercado de consignado, se destacando por tomadores de crédito com um perfil de renda estável e menor risco de inadimplência.
Os empréstimos são viabilizados por meio de convênios específicos entre instituições financeiras e órgãos públicos, o que significa que fatores como capilaridade, atendimento e vantagens nas taxas de juros reforçam seu diferencial competitivo.
De acordo com dados do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), vinculado ao Ministério da Fazenda, no início deste ano havia 3,6 milhões de contratos de consignação ativos junto a 256 órgãos públicos da esfera federal. Além disso, no ano passado foram feitas mais de 600 mil consultas de margem para a concessão de recursos para esse tipo de empréstimo.
Novas possibilidades para o crédito consignado privado
O crédito consignado privado ganhou novos contornos em março deste ano, quando o governo lançou o programa Crédito do Trabalhador, por meio da MP 1.292/2025. Voltado para trabalhadores CLT, a modalidade permite o desconto em folha com limite de até 35% da remuneração mensal e dispensa a necessidade do convênio tradicional entre a empresa e a instituição financeira, além de ampliar o escopo de profissões e trabalhos elegíveis à oferta de crédito.
Em seis meses de implementação, mais de R$ 50 bilhões em crédito já tinham sido contratados por mais de 5,4 milhões de trabalhadores da iniciativa privada. O programa conta com 122 instituições financeiras habilitadas, sendo que 64 já realizam operações.
O potencial de expansão do crédito consignado privado no universo geral do consignado é significativo. Segundo dados do Banco Central, a carteira de crédito do consignado privado soma pouco mais de R$ 41 bilhões, uma fatia ainda pouco expressiva em relação às demais categorias. O mercado estima que, com o Crédito do Trabalhador, o saldo pode chegar a R$ 120 bilhões nos próximos anos.
Em um estudo, a Febraban destacou que 25,3% da carteira atual de crédito pessoal não consignado (R$ 335,1 bilhões) é proveniente do público potencial do consignado privado – o que representa R$ 84,8 bilhões.
A migração deles para a nova modalidade deve elevar o potencial de expansão e atratividade do produto, tornando a carteira mais robusta e trazendo benefícios relevantes para o setor financeiro – mais segurança, menos risco e, consequentemente, um ambiente de negócios mais competitivo e benéfico para o cliente, que terá acesso a taxas mais atrativas.
Crédito consignado abre novos horizontes para as empresas
A expansão do crédito consignado, especialmente com a chegada do Crédito do Trabalhador, abre uma série de oportunidades para fintechs, bancos digitais e empresas não financeiras que buscam ampliar sua atuação no ecossistema financeiro.
Para as fintechs, o consignado representa uma porta de entrada estratégica para produtos de maior retenção e fidelização. A modalidade tem inadimplência controlada, margens estáveis e permite construir relacionamento de longo prazo com o cliente, abrindo espaço para ofertas complementares, como contas digitais, seguros, cartões e investimentos.
Empresas não financeiras também podem se beneficiar. Grandes empregadores, marketplaces, varejistas e empresas de benefícios podem atuar como intermediadores ou originadores de crédito consignado, fortalecendo o vínculo com seus colaboradores e clientes.
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Nesse cenário de avanço do crédito consignado no Brasil, infraestruturas tecnológicas robustas ajudam a abrir horizontes promissores para as empresas ofertarem crédito consignado privado, público ou ligado ao INSS. Soluções como o Consignado as a Service da Celcoin se destacam e se tornam uma estratégia assertiva para as empresas escalarem esse tipo de operação, com conformidade, segurança e eficiência.
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