Tudo o que aconteceu na Febraban Tech 2024 

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Febraban Tech 2024

Avanços de projetos com IA generativa, impulsionados com a migração para computação em nuvem; amadurecimento do open finance, dominância do mobile, soberania Pix e próximas fases do Drex marcaram o Febraban Tech 2024 

Os avanços das instituições financeiras na adoção de inteligência artificial generativa, além dos novos modelos de negócios que surgem a partir do open finance e as próximas fases do Drex, marcaram a agenda de discussões do Febraban Tech 2024. No painel de abertura, os presidentes dos principais bancos brasileiros enfatizaram projetos de IA generativa e open finance, destacando que as tecnologias representam a próxima revolução. 

Realizado nos dias 25, 26 e 27 de junho no Transamérica Expo Center, em São Paulo, o Febraban Tech recebeu um público recorde em sua edição de 2024, com 55 mil visitas, sendo 30 mil participantes únicos, além de 500 palestrantes em 200 painéis.

“Passamos pela revolução industrial, da tecnologia e agora com IA tem papel relevante. Mas ela é um meio, não um fim em si mesmo. Temos de criar valor para o cliente”, assinalou Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco. Marcelo Noronha, presidente do Bradesco, compartilhou que o banco tem 50 iniciativas de inteligência artificial generativa com objetivo de ganhar eficiência na operação, incluindo, adicionar a tecnologia à BIA — a meta é que, no segundo semestre, 60 mil funcionários já estejam usando a ferramenta. 

Na mesma linha, a Caixa Econômica Federal usou a IA pela primeira vez na auditoria. “Não há como negar a importância de trazer a IA para dentro das organizações”, disse o presidente, Carlos Vieira. A CEF também adota IA na jornada de habitação e, conforme assinalou Laércio Roberto Lemos de Souza, vice-presidente de tecnologia e digital da Caixa, com isso, houve uma redução na análise de processos de três dias para poucas horas. “Um cliente que vai estar com a gente por 18 anos no financiamento e começa com uma jornada ruim, o que vai pensar da gente”?, questionou. 

No Santander, há várias dezenas de estudos de casos olhando o desenvolvimento de código. “Vamos ter agora 100% dos desenvolvedores usando o ‘copilot’ do GitHub, em parceria com a Microsoft. A gente espera ganhar, no mínimo, 20% de produtividade, sendo que isso já está dado. A meta é chegar a 40%, 50%, ou talvez até mais, como conseguimos em uma implantação recente. Então em codificação é um ganho enorme, o que significa sermos mais ágeis, mais rápidos”, disse o CEO do Santander, Mario Leão. 

O Banco do Brasil está experimentando centenas de modelos, desde a análise comportamental de clientes até a assistência direcionada a microempreendedores. Para a chefe de CRM e indução digital do Banco do Brasil, Ana Laura Morais, é preciso ter casos de uso e uma estratégia. São, atualmente, cerca de 600 modelos rodando e 30 casos de uso com IA, inclusive generativa, no dia a dia.    

A era da transformação 

Os projetos dos bancos, que foram detalhados pelos seus respectivos líderes de tecnologia da informação, estão em linha com o que a futurista Amy Webb apontou como sermos a GenT, a geração da transição para uma sociedade que será drasticamente diferente. De acordo com Webb, a combinação de três ramos em franco desenvolvimento — biotecnologia, inteligência artificial e sensores — confere ao planeta um ciclo tecnológico inédito que vai mudar completamente a forma como vivemos. Mas ela advertiu que o ritmo será distinto a depender da geografia.  

No mercado financeiro, o maior desenvolvimento e o avanço de open finance marcam novas possibilidades de modelos de negócios. A melhoria na qualidade de informações referentes aos dados de empregador do cliente, para assegurar mais eficiência para portabilidade de salário; Pix automático e Pix por aproximação são alguns dos lançamentos que o Banco Central do Brasil planeja como próximos passos na evolução de open finance. 

Ainda que haja desafios na adesão, de acordo com o assessor-sênior do departamento de regulação do sistema financeiro do Banco Central, Matheus Rauber, os avanços acontecem no dia a dia. Rauber ressaltou que o open finance se desenvolve na linha do compartilhamento de dados de investimento e de câmbio e, na parte de pagamentos, de agendamentos recorrentes e transferência inteligente, agregando a característica de programabilidade. 

Durante o evento, as instituições financeiras mostraram que open finance, quando combinado com inteligência artificial generativa, consegue promover a tão sonhada hiperpersonalização.  De acordo com Paulo Barbosa, gerente de relações e inovações regulatórias do Itaú Unibanco, não se trata da oferta pela oferta, mas, sim, compreender a necessidade e a dor real e relevante do cliente naquele momento. 

Um exemplo é que a inteligência artificial pode ajudar o assessor a varrer a base de clientes e, com open finance, sugerir boas trocas de ativos que podem gerar resultados.

“Entendendo o status de vida dele, sabemos qual é a necessidade dele, e open finance vem para nos ajudar nesta alavanca, beneficiando o cliente, já que a própria instituição vai personalizar a situação”, explicou Barbosa, do Itaú Unibanco.

Em 2023, o sistema ultrapassou 42 milhões de consentimentos ativos, alta de cerca de 97% na comparação com o ano anterior. Desses 42 milhões, 27,7 milhões (ou cerca de dois terços) são consentimentos únicos — ou seja, pessoas físicas (CPFs) ou empresas (CNPJs), de acordo com dados recém-divulgados no relatório anual do Open Finance; ou seja, pouco mais de 15% dos usuários de serviços bancários compartilham os dados no Open Finance.

Mobile domina as transações  

O banco do brasileiro está na palma das mãos. A popularização do uso do banco pelo telefone celular levou o volume de transações bancárias a mais do que dobrar nos últimos cinco anos, saltando de 86,3 bilhões, em 2019, para 186 bilhões em 2023. Apenas no canal mobile, as transações cresceram 3,5 vezes no mesmo período e passaram a corresponder a 70% de todas as interações. Os números constam da 32ª edição da Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária, divulgada no evento. 

De acordo com Rodrigo Mulinari, diretor da Febraban responsável pela pesquisa, que é realizada pela Deloitte, o celular se consolidou como canal preferido do brasileiro. “Há quatro anos, o celular ultrapassou todos os canais e, no ano passado, superou a marca de 70%. Quando se inclui a internet e as mensagens instantâneas, o porcentual sobe para 79%. Vemos uma ascensão forte do mobile”, disse Mulinari, na coletiva de imprensa que apresentou os resultados da pesquisa. 

No internet banking, as 16,4 bilhões de transações realizadas representam um aumento de 10% em comparação com o ano anterior, enquanto, no mobile banking, as operações totalizaram 130,7 bilhões, representando uma alta de 22%, no mesmo comparativo. Em média, 52  transações mensais são realizadas por conta conta no canal mobile. No ano passado, a média foi de 43 transações mensais. 

Além disso,  a movimentação financeira no mobile banking mais que quintuplicou ao longo dos últimos cinco anos. Em 2019, 4,7 bilhões de transações realizadas por este canal envolviam a transferência de recursos, correspondendo a aproximadamente 13% das movimentações, atualmente, são 25,8 bilhões de transações. 

Pix soberano 

Não há dúvidas de que o pagamento instantâneo caiu no gosto do brasileiro e promoveu a bancarização no País. São 114 milhões de usuários cadastrados no último ano, uma alta de 16% frente ao período anterior. Quase metade do total de usuários cadastrados no Pix realiza cerca de 30 operações mensais para pessoa física (PF) e 50 operações mensais para pessoa jurídica (PJ). Além disso, a pesquisa apontou que 45% dos usuários cadastrados no Pix são grandes usuários do sistema, (eram 38% no ano anterior), realizando mais de 30 operações mensais, considerando clientes PF, e 50 operações mensais, considerando PJ. 

Em 2022, as transações Pix somaram 24,1 bilhões e saltaram para 41,9 bilhões em 2023 — um aumento de 74%. Com 19,915 bilhões de transações em 2023, a chave Pix segue sendo a mais usada, mas a modalidade de código QR avançou 258% entre os dois anos, passando de 2,371 bilhões em 2022 para 8,484 bilhões no ano passado. 

A pesquisa também revelou um aumento de 50% de pagamentos via Pix em sistemas de ponto de venda (PDV). Ao incorporar tecnologias, como os pagamentos por aproximação e via Pix, os PDVs se adaptam aos novos hábitos de pagamento. E, ainda que as transações de cartão de débito superem as demais neste canal, o Pix está ganhando mercado, assim como o uso das carteiras digitais. 

Além de trazer competição para o sistema financeiro e uma oportunidade de prestar novos serviços de pagamentos à sociedade, resultando em uma redução significativa de custos, o Pix teve papel relevante para formar as bases para as futuras inovações do sistema financeiro, conforme apontou Carlos Eduardo Brandt, chefe da gerência de gestão e operação do Pix do Banco Central do Brasil. 

O outro lado disso é que a boa experiência do usuário no Pix levou às pessoas a se tornarem mais exigentes, as tornando intolerantes ao erro e exigentes quanto ao nível de experiência do usuário, à espera por instantaneidade do pagamento e ao desconto ao pagar com Pix, enumerou Flavia Davoli, sócia e CIO de produtos do Santander Brasil.  

Os clientes já enxergaram valor agregado ao fazer transação rápida, gratuita e instantânea. “O Pix criou uma infraestrutura tecnológica como uma avenida para outras coisas também instantâneas; e o cliente não quer retroagir”, destacou Cristina Pinna, diretora de TI do Bradesco. 

Durante o Febraban Tech 2024, o Santander adiantou que planeja habilitar transações Pix sem a necessidade de estar conectado à internet e, para clientes empresariais, a executiva aposta em ofertas de soluções de pagamento como serviço. 

O Bradesco está trabalhando para o segmento empresarial com soluções de Pix automático e iniciador de pagamento para PJ. E a B3 está avaliando a portabilidade de investimentos e soluções como a compra de títulos do Tesouro Direto pagando com Pix.

Desafios do Drex     

Ao participar de painel, Clarissa Souza, coordenadora de tecnologia do Banco Central do Brasil, assinalou que a moeda digital brasileira, o Drex, precisa vencer o desafio da privacidade em um ambiente programável.

“Começamos o projeto em janeiro de 2023 e trouxemos um desafio de teste montando um grupo com 16 consórcios para avaliar o problema da privacidade com a programabilidade. Na segunda fase, a proposta é que bancos implementem casos de uso e tentem usar as soluções de privacidade que temos testado”, disse Clarissa, durante a Febraban Tech 2024.

Como se trata de uma plataforma regulada, é necessário resolver este problema, devido ao arcabouço regulatório que deve ser seguido. De acordo com ela, a abordagem do dilema de privacidade e programabilidade foi colocada à mesa para debate na primeira fase, mas a tecnologia precisa de tempo para amadurecer.

A ideia na segunda fase também é abrir o projeto para outros consórcios entrarem, agregando e testando novos casos de uso, disse a executiva, acrescentando que não há uma data de entrega do Piloto Drex.  

Celcoin no Febraban Tech

“A participação da Celcoin no Febraban Tech é estratégica por permitir que a empresa apresente suas inovações em infraestrutura financeira para um público qualificado e interessado em conhecer as tendências e tecnologias que estão moldando o futuro das transações bancárias. Com um olhar atento às necessidades do mercado, a Celcoin se destaca por oferecer soluções inteligentes e eficientes que proporcionam uma experiência diferenciada aos seus clientes”, afirmou Marcelo França, CEO da Celcoin, durante a Febraban Tech 2024.

Durante o evento, a Celcoin apresentou as soluções recém-lançadas cel_card, para a emissão e envio de cartões personalizados; Conta Escrow, com proteção para fundos e ativos, única do mercado com divisão de float; e o mybenk, que traz o conceito Endofinance, permitindo incorporar serviços financeiros diretamente no ecossistema das organizações

As soluções da Celcoin dividem-se em três grandes verticais: Pagamentos, Banking e Crédito. Todas atendem a empresas reguladas, como Bancos, IPs, SCDs, como também players não-financeiros de qualquer indústria, em modelo de Lending e Banking as a Service, com as licenças da própria Celcoin. “Temos uma camada de tecnologia e outra de licenças, o que permite atender empresas em qualquer estágio regulatório”, destaca Marcelo.

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