Open Finance: A quantidade de empresas com soluções já desenvolvidas passou de 56% em 2023 para 65% em 2024, e em fase de rentabilização, de 27% para 32%, de acordo com estudo recente.
O caso brasileiro de implantação de finanças abertas tem sido um farol para o mundo. E, de fato, está avançando ano a ano. A 2ª edição do Índice Brasil de Maturidade de Open Finance, publicado em meados de 2024 pela consultoria de tecnologia Capgemini, apontou que a quantidade de empresas com soluções já desenvolvidas passou de 56% em 2023 para 65% em 2024 e em fase de rentabilização, de 27% para 32%. Comparado a 2023, essa elevação indica que houve amadurecimento do mercado.
Os resultados indicam um avanço contínuo — ainda que lento — na maturidade de Open Finance entre 2023 e 2024, com melhorias na rentabilização, prioridades e comunicação, embora ainda existam desafios a serem superados, especialmente, na implementação e monitoramento de KPIs.
O relatório explica que os avanços demonstram o compromisso das empresas em aprimorar suas capacidades e adaptar-se às exigências de Open Finance, consolidando uma base mais robusta para o futuro.
Os principais motivos para o aumento do índice foram o leve aumento na rentabilização das soluções, prioridades, metas e comunicação e a evolução em Open Finance com índices de
concordância altos em diversos quesitos, tais como personalização de ofertas, evolução dos times e maior cumprimento de prazos.
Também contou o fato de que houve mais investimentos em relação a 2023, além de maior prioridade nas empresas e melhoria na comunicação interna e externa. Por outro lado, a presença de KPIs em diversas áreas ainda é baixa e refletiu negativamente no índice.
Avanço no uso do Open Finance
Além disso, o relatório mostrou que a estratégia de Open Finance está passando de um conceito pautado em dados para uma visão de atividades contextualizadas na vida dos consumidores. E que, independentemente do tipo de cliente final, neobancos e fintechs são os que mais estão rentabilizando soluções de Open Finance.
Isso significa que, se em um primeiro momento, as companhias estavam focadas no entendimento do conceito e do processo, além de muita exposição devido ao regulatório, avançaram para alcançar uma certa estabilidade e maturidade do ecossistema e chegar a um terceiro momento com uma aceleração impulsionada pela maior participação da frente de negócios.
Relacionado a isso está o ligeiro aumento no número de empresas que possuem áreas específicas ou pessoas dedicadas aos temas de dados abertos. O estudo mostrou que o porcentual subiu de 70% para 73% em 2024, indicando uma maior institucionalização e foco nessas áreas.
E mais: ao analisar as médias gerais das edições de 2023 e 2024, o documento final aponta que houve um aumento no envolvimento das áreas de tecnologia e desenvolvimento, enquanto a participação da área financeira diminuiu.
Dados como matéria-prima
A 2ª edição do índice Brasil de maturidade de Open Finance revelou um aumento no uso de dados abertos para gestão de clientes, passando de 37% em 2023 para 69% em 2024. Segundo a análise do relatório, esse crescimento evidencia a crescente confiança das empresas na utilização dos dados disponíveis para aprimorar a experiência do cliente e otimizar suas operações.
De fato, a inteligência de dados é disciplina fundamental para a criação de casos de uso inovadores e eficazes. Nesse sentido, o estudo contabilizou que, nos últimos 12 meses, 77% das empresas lançaram ofertas de produtos e serviços baseadas em Open Finance, 12 pontos percentuais a mais que em 2023.
Além disso, 42% das empresas afirmaram que pretendem lançar soluções ainda em 2024, enquanto 22% têm planos para 2025.
Perspectivas do Open Finance
A expectativa é de uma caminhada rumo a um mercado de dados abertos, o que, em larga escala, promete transformar diversas indústrias. Nesse aspecto, o modelo brasileiro de finanças abertas tem sido amplamente reconhecido como um dos mais eficazes e abrangentes no cenário global.
Para a indústria financeira, os dados abertos consideram a capacidade de interoperabilidade, o engajamento local (adoção pelo mercado e a adesão do consumidor) e a completude da iniciativa, ou seja, o quanto do planejado já foi executado e a colaboração entre instituições e a participação em iniciativas globais.
A maioria das empresas relata que os resultados obtidos até agora estão em linha ao esperado.
Os números oficiais brasileiros mostram um cenário de evolução de Open Finance no Brasil, no entanto, imprimindo uma velocidade menor em relação a observada em 2023. Uma das razões para a baixa adesão das pessoas, segundo o estudo, é a falta de conhecimento do consumidor. Contudo, a popularização de Open Finance e a percepção de ganhos ao aderir ao sistema devem impulsionar os consentimentos.
O índice de maturidade foi desenvolvido com base em uma série de perguntas que avaliaram diferentes aspectos da prontidão e desempenho das empresas. Para o índice de 2023, foram 205 entrevistas e considerados sete critérios principais. Na 2ª edição do índice, medida em 2024 e com base em 286 entrevistas, a metodologia foi expandida para incluir dez critérios.