No primeiro semestre de 2022, o ecossistema de Open Finance no Brasil soma 2,7 bilhões de chamadas de APIs, geradas por mais de 6,7 milhões de consentimentos ativos. No ecossistema do Open Finance, as informações são transmitidas por meio de APIs, que podem ser traduzidas por conjuntos de protocolos padronizados que permitem a comunicação entre sistemas.
De acordo com o primeiro relatório semestral do Open Finance Brasil, os números registrados foram originados em 19 instituições participantes da Fase 2 do Open Finance Brasil. A previsão é que o país alcance 10 milhões de consentimentos ainda em 2022.
Carlos Antonio Rodrigues Jorge, secretário-geral do Open Finance Brasil, define a estrutura desenvolvida no país como o maior ecossistema de compartilhamento de dados e serviços financeiros do mundo. Ele ressalta ainda a consolidação da governança em um ecossistema com mais de 800 instituições participantes.
“São mais de 100 conglomerados realizando chamadas de APIs (mais de 150 conglomerados participantes) e já temos 5 iniciadoras de transação de pagamentos certificadas e habilitadas a funcionar. Desde nosso start-up em 01 de fevereiro de 2021, somos, em quantidade de instituições e número de transações, o maior ecossistema de compartilhamento de dados e serviços financeiros do mundo”, diz Jorge.
Entre os grandes números apurados pelo relatório, o secretário-geral do Open Finance Brasil reforça: “Desde março de 2022, já totalizamos mais de 2,7 bilhões de chamadas de APIs, 800 milhões apenas nas últimas 4 semanas do primeiro semestre, obtidas através de mais de 6,7 milhões de consentimentos ativos”.
Até o início do segundo semestre do ano, foram implementadas parcialmente três das quatro fases previstas. Isso inclui a implementação dos dados abertos da Fase 1, passando pelo compartilhamento de informações de clientes mediante consentimento da Fase 2, chegando à inovadora iniciação de pagamentos Pix da Fase 3.
A evolução das APIs
Entre as 2,7 bilhões de chamadas de APIs registradas, 69% (1,87 bilhão) se referem às chamadas relacionadas a contas e cartões de crédito. Do total de chamadas, 2,3 bilhões foram realizadas com sucesso. Desde maio, o índice de sucesso das chamadas se mantém acima de 85% semanalmente.
Segundo o relatório, o número de chamadas realizadas é uma métrica importante, porque demonstra a evolução da atividade dos participantes do ecossistema e o nível da adoção do open finance pelos usuários. O relatório mostra que há nove APIs da Fase 2 (compartilhamento de dados cadastrais e e transacionais).
Essas APIs estão divididas entre consentimentos, recursos, dados cadastrais (PJ e PF), cartão de crédito e contas. O sistema também conta com mais quatro APIs destinadas a operações de crédito. Elas se dividem em: empréstimos, financiamentos, adiantamento a depositantes e direitos creditórios descontados.
Elcio Calefi, diretor de Tecnologia e Operações Open Finance Brasil, afirma que as plataformas tecnológicas construídas para suportar o ecossistema brasileiro foram desenvolvidas sob uma arquitetura para garantir escala. De acordo com Calefi, essa infraestrutura se adapta às exigências de segurança e conformidade.
“Construímos as plataformas tecnológicas para suportar o ecossistema brasileiro, através de uma arquitetura que nos permite escalar e adaptar-se as exigências de segurança e conformidade de hoje, ao qual não abrimos mão, e aos desafios de crescimento e interoperabilidade com a evolução da agenda nos próximos anos”, diz Calefi.
Até junho de 2022, o total de desembolsos realizados na Estrutura Open Finance Brasil totaliza R$ 91 milhões. Desse montante, 75% foram aplicados no desenvolvimento da infraestrutura tecnológica e segurança cibernética.
O diretor de Tecnologia e Operações Open Finance Brasil também ressalta o alinhamento a normas e padrões internacionais, que foram exaustivamente testados e evoluídos em ações conjuntas de entidades de diversas geografias.
“Hoje já somos o maior ecossistema open finance em números absolutos. Temos muito a aprender e evoluir, mas a Transformação Digital para os brasileiros é uma realidade através do Open Finance Brasil”, afirma Calefi.
Novos Desafios
Os números do primeiro relatório semestral do Open Finance Brasil expõem a evolução do ecossistema no país, mas não esconde os desafios futuros. Rubens Vidigal Neto, conselheiro Independente Open Finance Brasil, reforça que os desafios para o avanço e a consolidação do Open Finance são grandes.
“Dentre esses desafios, destacam-se: o aprimoramento de uma série de aspectos técnicos das fases que já foram lançadas; a implementação das fases previstas que ainda não foram iniciadas e a construção da estrutura de governança definitiva, com participação plural e equilibrada dos diferentes segmentos”, comenta Neto.
Segundo o conselheiro, o open finance tem o potencial de transformar o mercado financeiro nacional. “Os números de chamadas semanais e de consentimentos ativos são um forte indicativo dessa possibilidade. Por ser a primeira infraestrutura de compartilhamento de dados no Brasil, também deve ser a referência para outros segmentos, como já é o caso do Open Insurance”, diz.
Na visão de Neto, quando se considera o número de instituições participantes, a abrangência de seu escopo e a velocidade de sua implementação, o Open Finance do Brasil tem muito potencial para se tornar um importante paradigma mundial.
“A compreensão dessa realidade deve não só elevar a percepção da responsabilidade daqueles envolvidos na implementação e na consolidação do Open Finance, como servir como um estímulo adicional para a manutenção do engajamento e da persecução dos objetivos transformacionais desse projeto”, completa Neto.