Open Finance avança resolvendo ‘dores’ de bancos e fintechs

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Brasil se tornou benchmarking para sistema financeiro aberto; agora, desafios estão em aumentar consentimentos ativos, extrair valor dos dados e avançar nos casos de usos 

Após três anos do início da implantação, o Open Finance já conta com massa crítica suficiente para que as instituições financeiras consigam desenvolver projetos inovadores para resolver “suas dores”. Casos de uso estão sendo elaborados dentro de casa para, por exemplo, melhorar o fluxo de onboarding e a concessão de crédito; estimular o cartão de crédito da instituição e não de outra; programas de cashback; e régua de cobrança, entendendo qual é a maneira mais adequada para cobrar de forma que o usuário tenha maior probabilidade de pagar.

Ainda que existam desafios a serem vencidos — como incluir mais pessoas e empresas no sistema e melhorar o desempenho da infraestrutura — o Brasil virou benchmarking mundial do sistema financeiro aberto e tem, na esteira de inovação, a ampliação do escopo e novas funcionalidades, conforme apontou Mardilson Queiroz, chefe-adjunto do departamento de regulação do sistema financeiro do Banco Central do Brasil, ao participar do evento virtual Digital Money Meeting, realizado pelo Tele.Síntese. 

“O que temos na prateleira são portabilidades — de salário, de crédito, de ativos financeiros — e, na parte de investimentos, estamos em discussão com a CVM. Agora, precisamos dar tempo para o mercado absorver, para o ecossistema melhorar aquilo que já foi especificado e para pensar nos produtos e nas integrações com produtos internos”, assinalou Mardilson Queiroz. 

Para o chefe-adjunto do departamento de regulação do sistema financeiro do BC, há uma curva de aprendizado em Open Finance, uma vez que são protocolos e tecnologias novos. 

Ganhos no dia a dia

Em constante evolução, o sistema financeiro aberto permite que as instituições financeiras, sejam elas de grande porte, como os bancos incumbentes, ou fintechs, entendam melhor seus clientes. Diante do mar de dados disponível, o desafio é conseguir extrair valor deles. As informações compartilhadas praticamente em tempo real abrem oportunidades para novos produtos e serviços.

Um exemplo é a questão do crédito. Por meio de Open Finance, pode-se entender se o montante está condizente com a capacidade do cliente e, se necessário, fazer o ajuste. Essa prática leva à diminuição de custos de inadimplência. “Hoje, o mercado tem condições de ver quantos cartões o cliente possui e saber o tamanho do limite disponível para ele no mercado”, apontou Queiroz.

Na visão de Marcelo Martins, diretor da ABFintechs, trata-se de uma construção em conjunto entre as instituições participantes e o Banco Central do Brasil, para propiciar uma melhor experiência para o usuário final. “Há oportunidades como análise de dados; experiência mais apropriada para o usuário; oferta de crédito mais assertivo; quais produtos pode-se oferecer para cada cliente; como fazer o fluxo de pagamento deles; como fazer a régua de cobrança. Tudo isso o Open Finance permite; a questão é como a instituição financeira vai usar. A cada dia, existem mais ferramentas e a decisão é como colocar isso na jornada do cliente”, ponderou Martins. 

A evolução de Open Finance inclui novas funcionalidades como transferências inteligentes e agendamentos recorrentes que agregam valor ao fluxo de iniciação de pagamentos. “Uma das principais barreiras é cumprir as obrigações regulatórias, que é muita coisa”, apontou o diretor da ABFintechs.  

Em ascensão — Em 2023, o sistema ultrapassou 42 milhões de consentimentos ativos, sendo 27,7 milhões de consentimentos únicos — ou seja, consentimentos originados por um CPF (no caso de pessoa física) e um CNPJ (no caso de pessoa jurídica). Os dados divulgados pelo relatório anual do Open Finance Brasil revelam uma alta no número de consentimentos de cerca de 97% entre janeiro e dezembro de 2023. 

O ano passado fechou com 946 instituições participantes, incluindo bancos, cooperativas de crédito e fintechs e 28 grupos de informações compartilhadas. Foi o ano da consolidação e do crescimento do compartilhamento, com 15 novas APIs (application programming interface) sendo disponibilizadas, além de novas versões de diversas outras. Um total de mais de 30 produtos com APIs em produção.      

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