Open Finance em destaque: Diretor do BC ressalta papel relevante das fintechs em inovação, competição e bancarização
A importância das fintechs como propulsoras da inovação e no fomento à competição e à inclusão financeira no Brasil foi ressaltada por Otávio Damaso, diretor de Regulação no Banco Central do Brasil, em sua palestra na abertura do Fintouch 24, evento da ABFintechs realizado em São Paulo em 13 de setembro. Um braço desta inovação tem sido a estrutura de finanças abertas; e 2024 é ano de consolidação do Open Finance, destacou Damaso.
O diagnóstico do diretor está calcado na maturidade que o Open Finance alcançou. Em julho, o Banco Central (BC) aprovou a estrutura definitiva de governança, que passou a ter personalidade jurídica (CNPJ), estrutura organizacional própria e regulamentação, substituindo o arcabouço provisório. Trata-se, segundo Damaso, de uma etapa fundamental no processo de consolidação do Open Finance e, a partir disso, inicia-se um processo de desenvolvimento mais robusto e consistente.
“É uma estrutura poderosa e os casos de uso estão aparecendo. Estamos passando pelo hype de discussão de inteligência artificial, e a dimensão da junção do dado com IA é um casamento perfeito”, assinalou. Damaso ressaltou ainda que o estabelecimento de toda a infraestrutura de Open Finance impulsiona o desenvolvimento de soluções de portabilidade de crédito e de salários, contando com jornadas fluidas e operações mais simples.
Está no radar do Banco Central incrementar os casos de uso corporativos, bem como aumentar os consentimentos das pessoas jurídicas, que hoje é de apenas 1% da base. Existe grande potencial de evolução de Open Finance com a inclusão de mais PJs. “Sabemos que 1% é um percentual aquém do esperado, e precisamos ter melhoria na jornada”, apontou Matheus Rauber, assessor-sênior no departamento de regulação do sistema financeiro do Banco Central, ao participar de painel no Fintouch.
Contudo, isso não tira o brilho do Open Finance, que, na avaliação de Rauber, tem sido um sucesso nos últimos quatro anos, desde que saiu a regulamentação. São perto de 52 milhões de consentimentos, sendo uns 30 milhões de consentimentos únicos, além de mais de 2 bilhões de chamadas de APIs.
A entrada de novos participantes terá um papel importante nessa jornada. “Percebemos que, no início do projeto com S1 e S2, conseguimos atender bem às transações bancárias, mas vimos que faltavam grandes players. Com a nova regra para inclusão das instituições que possuam mais de cinco milhões de clientes, vamos conseguir partir de 75% da base para 95%”, assinalou Rauber.
Para ele, um dos benefícios do Open Finance é preencher a lacuna de assimetria de informação, permitindo que as instituições façam análises mais assertivas e com mais acurácia e, assim, consigam atender a clientes que não atendiam antes. “Na parte de assessoramento financeiro, temos a categorização das despesas das pessoas, fornecendo insights financeiros como, por exemplo, notificar que um cliente entrou no cheque especial ou sugerir investimentos mais rentáveis”, enumerou o assessor-sênior.