Sistema financeiro aberto adotado no Brasil torna-se referência global

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Até o fim deste mês, a expectativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) é ter 1 bilhão de chamadas por meio de APIs, as interfaces de programação de aplicativos, geradas no ecossistema do Open Finance. Em dois anos, a projeção é chegar a 10 bilhões de chamadas por mês.

Os números do Open Finance, anunciados durante a Febraban Tech, realizada de 9 a 11 de agosto, em São Paulo, têm chamado a atenção de especialistas em sistemas financeiros abertos que atuam globalmente.

Durante o evento, Ivo Mósca, superintendente executivo de Open Finance, Digital Payments & Cripto no Itaú Unibanco, ressaltou que o registro de clientes únicos que utilizam o Open Finance já alcançou 5 milhões. E o total de autorizações para o compartilhamento de dados ultrapassa 7 milhões.

“Vamos superar os 10 milhões de consentimentos ainda em 2022, talvez até o fim do terceiro trimestre do ano. Na minha visão, o Brasil passa a ser o líder mundial de Open Finance em termos de crescimento de consentimentos”, diz Mósca.

A adoção acelerada do Open Finance é acompanhada dia a dia nas instituições financeiras. Jayme Chataque de Moraes, head de Open Finance e CBDC do Santander Brasil, observa que a articulação dos clientes que procuram o banco, em diversos canais, é muito clara com relação ao consentimento para compartilhar dados.

“Há um ano, o comportamento do cliente era diferente. Hoje ele tem uma clareza do que esperar a partir do consentimento. Está amadurecendo, há uma diferença nítida em um ano”, afirma Moraes.

De acordo com o executivo do Santander, a gama de produtos do Open Finance no Brasil é muito mais ampla quando comparada às demais geografias que já adotaram o sistema. Moraes lembra que a curva de crescimento do Open Banking no Reino Unido, que foi o pioneiro ao lançar o sistema em 2018, está bem lenta.

“O comportamento do consumidor é sempre uma variável muito difícil de prever, mas o Brasil tem resultados impressionantes com relação à velocidade com que muitas pessoas se engajaram no Open Finance. Estamos vendo isso desde métricas de compartilhamento a métricas de interesse. O comportamento do cliente brasileiro é incrível sob o ponto de vista de testar inovação”, afirma Moraes.

Leonardo Enrique, responsável por Open Banking da Serasa Experian, diz que a experiência brasileira com o Open Finance tem impressionado Brian Cassin, CEO Global da Experian, sobretudo quando comparada à adoção no Reino Unido. “Ele falou: o que vocês estão fazendo aqui? Porque é uma adoção muito grande em tão pouco tempo”, comenta Enrique.

Na análise de Enrique, algumas questões mercadológicas somadas às características do comportamento do consumidor brasileiro levam a uma adoção massiva em tão pouco tempo após o início do Open Finance no país.

“Temos uma enorme possibilidade de pessoas compartilharem seus dados mediante consentimento com altíssima segurança e disponibilidade. Então, em pouquíssimo tempo, podemos passar a ser a geografia mais importante”, diz Enrique.

Embora a implementação do Open Banking, agora Open Finance, tenha exigido um esforço das instituições financeiras em termos de infraestrutura, o modelo brasileiro tem se tornado referência global. Mesmo diante de todos os desafios, como segurança e interoperabilidade, o sistema financeiro brasileiro, que já tinha sido desafiado a implementar o Pix, tem se mostrado criativo, ágil e seguro na jornada do Open Finance.

Lincoln Ando, CEO e fundador da idwall, destaca a importância do tratamento dos dados, principalmente armazenamento e indexação, e a correlação de tecnologias. Afinal, são trilhões de dados. É necessário trabalhar com a inteligência para que o dado esteja disponível no momento necessário.

Para Ando, a experiência do usuário é extremamente importante, não adianta ter inteligência que está disponível em cinco minutos. “Quanto tempo você precisa para fazer o processamento daquele dado? Talvez seja necessário utilizar outros tipos de tecnologia para correlacionar tudo isso no momento adequado e entregar a melhor informação possível”, diz Ando.

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